quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Paraíso Reconquistado - Parte I

Avisos: Trata-se de uma história fictícia. Quem me conhece, sabe que não creio em Jesus Cristo, Céu ou Inferno. De resto, tenham uma boa leitura.

Final dos Tempos: Jesus Cristo voltou para seus fiéis cristãos e destruiu os hereges, mandando-os para as profundezas do Inferno, junto do demônio e de todas as suas hostes corrompidas. Na Nova Jerusalém, os cristãos prosperam e se tornam absolutamente felizes.

No Inferno, por outro lado, os pecadores sofrem. Humanos de todos os outros credos que não atenderam ao chamado de Jesus foram imediatamente lançados ao abismo e nunca mais viram a Luz do Dia.

Pessoas boas, pessoas más, todas lançadas pelo capricho divino de um deus egoísta, que deseja o bem apenas dos seus servos. É isso o que eles são: servos. Nem filhos, nem irmãos. Servos. Escravos. E eles gostam disso, desejam isso do fundo de suas almas.

Pois escravos e servos tem que servir ao seu mestre e não tem tempo de lamentar a perda de entes queridos que foram lançados à Geena.

Amizades foram afastadas, famílias desfeitas. O Príncipe da Paz não trouxe a paz que a humanidade esperava. Trouxe uma espada. Uma espada, que de tanto ferir os seres humanos, eles se entregaram ao desespero da dor e do sofrimento a passaram a adorar o deus.

No Inferno, as coisas vão ainda pior. O entendimento de que há um deus assusta os ateus, mas pior ainda aos religiosos que viam Jesus como um exemplo de pacificador contra os fanáticos religiosos, um homem equilibrado - no final, ele era apenas mais um líder que gosta de ser bajulado e adorado. Um egocêntrico.

Alguns, claro, não eram inocentes. Foram assassinos, estupradores, cometiam todo o tipo de barbaridade. Mas não é por isso que eles estão lá. Eles estão lá porque não adoraram Jesus como ele desejava. Então foram banidos de sua presença e condenados a passar o resto da eternidade sofrendo pelo crime de não venerá-lo. Enquanto outros que cometeram os mesmos crimes foram salvos, apenas porque o caprichoso deus resolveu perdoá-los, por demonstrarem a reverência que ele desejava.

Sem a presença divina, a maior parte dos humanos perdeu a esperança - deixaram-se levar pelo sofrimento e foram dominados pelos demônios, tornando-se seus servos, escravos ou coisa pior. Muitas vezes, almas humanas eram moldadas e empilhadas de forma que lembrassem estátuas de seus senhores infernais e suas deformidades. Eram visões macabras, assustadoras aos olhos.

Havia também fogo, o fogo da ira de Cristo, que não devora a carne, mas devorava as forças, a felicidade, a piedade e o amor. O cheiro sufocante que se alastrava no ar não é de enxofre, mas simplesmente desses elementos que compõe o ser humano.

Havia também guerras entre os seres infernais e os seres humanos, que disputavam espaço ou simples tentavam destruir uns aos outros por encontrarem defeitos nas almas de seu próximo.

Obviamente, ninguém estava feliz com isso, e as blasfêmias contra deus apenas aumentavam, acendendo ainda mais o fogo do ódio divino.

Até que o ódio humano resolveu soltar uma pequena faísca. Um ser humano reuniu todos os outros seres humanos em batalha. Eles eram maior número, mesmo que apenas um demônio pudesse cuidar de todos eles num instante. Sua força de vontade e garra pelo controle do Inferno fez com que ocorresse um milagre.

Não, os demônios não foram vencidos. Eles aceitaram, no entanto, ouvir as exigências e planos dessas criaturas, que demonstravam tanto ódio pelo seu Criador quanto eles. As criaturas abissais enviaram seu líder supremo, Lúcifer, para negociar com os humanos. Os humanos também enviaram seu líder, Yehudah Ish Kriyot.

Eles iniciaram então seus termos nas seguintes palavras:

Lúcifer: Ó mortal, tendes feitos muito alarde contra nós e nossa estadia. Somos seus superiores e somos, portanto, seus senhores. Não é o mais forte a comandar o território? Não é o maior predador a governar a selva? Não é o Leão que coordena todos os animais? Que coloca-os seus devidos lugares pré-estabelecidos e decide vida e morte de cada um? Vai pois agora dizer ao teu povo que nós, demônios, somos teus donos e os milenares habitantes deste Inferno. Aqui reinamos.

Yehudah: Porém, meu caro Lúcifer, não hás de concordar comigo que uma autoridade abusiva deve ser derrubada? Que aqueles que estão indevidamente no poder devem ser depostos em benefício do maior número de pessoas possíveis? Pois estes compõem o Inferno. Nós. Somos maioria, portanto, o Inferno deveria nos pertencer. Contudo, não é isto que eu gostaria de sugerir, por mais que meu povo se sentisse traído. Não, Lúcifer, nossa guerra não deve ser entre nós. Nossa guerra é contra aquele que nos colocou neste lugar de infinita amargura. Ele, que para sua diversão e lazer, nos colocou aqui como galos de briga imortais, apenas para nos ver lutar para todo e todo o sempre. Meu caro Lúcifer, peço que una forças com nosso exército para lutar contra a verdadeira autoridade abusiva neste Universo. Jesus Cristo.

Lúcifer: O que dizes é justo e verdadeiro. Nossa missão, desde o início dos tempos, foi rebelar-nos contra este tirano. Assim caímos em sua armadilha. Não há como sair deste lugar terrível. O Inferno é um lugar eterno, que não podemos transpor. Nenhum ser do Inferno tem este poder - humano ou demônio.

Yehudah: Tenho minhas dúvidas sobre a veracidade dessa informação. Explico - Aquele que deve ser Amaldiçoado não pode ter mentido e nos enganado? Não pode ter ele nos ludibriado de forma que acreditemos que não haja saída e que não haja solução? Vocês, como anjos caídos, tem por costume analisar todas as opções de um único elemento e tomar uma atitude em relação a esse elemento para sempre. Porém, nós humanos temos outro modo de pensar, talvez nem pior, nem melhor, mas complementar. Nós podemos analisar longamente as questões universais e descobrir o impossível. Nosso ancestrais estavam condenados a jamais voar, até que alguém descobriu o impossível: como voar. Recuso-me a acreditar que um Criador tão cruel possa se safar tão bem depois de tudo o que fez. Proponho derrubarmos as paredes do Inferno até criarmos uma rachadura pela qual sairemos e destruiremos.

Lúcifer: Nós já tentamos isso.

Yehudah: Vós não tínheis a nós ao vosso lado.

Então, Lúcifer e Yehudah empenharam-se e fizeram um acordo de paz. Lúcifer ensinaria aos humanos as artes angelicais, as ciências e o conhecimento do Universo. E com esse conhecimento, os humanos e os demônios, juntos, fariam o impossível - abalariam as estruturas do Inferno e guerreariam contra o Céu. Também eles preparam um grande exército para tomar o Paraíso Terrestre e obterem o coração do Cristo na ponta da lança.

Asmodeus,
Rei dos Demônios

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