segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Eterna Insatisfação

Aviso: este é um texto DESCONEXO, que se move à velocidade do pensamento. Possivelmente, ele não se prenderá ao título. Não espere uma boa redação. Aliás, não espere nada de um texto quando lê-lo. Apenas leia, se assim o desejar.

"Como você cresceu."
"Como você é inteligente."

Coisas assim eu ouço quase todos os dias. Não, não estou querendo me gabar. Sinceramente, ouço todos os dias. Mas não é o suficiente.

Quero ter uma família, com uma esposa. Talvez filhos. Quero que a minha esposa goste de Bob Esponja, de Shin-chan, de RPG e bons games (e definitivamente deve odiar Guitar Hero!).

Deve gostar de Bob Esponja e Shin-chan porque quero que tenha bom humor. Não acredito no bom humor de uma pessoa que não goste destes desenhos que me fazem rir até cair. Deve gostar de RPG para não me achar um completo nerdão, apenas mediano (é porque, mesmo quando sou chamado de nerd com carinho por alguém que gosto, sinto-me triste). Deve gostar de bons games, porque é um hobby interessante a se jogar de dois e a trocar dicas sobre como passar de fase. E, definitivamente, deve odiar Guitar Hero porque aquilo é uma chatice.

Ela deve gostar de mim pelo que sou - obrigatório. Nunca saia de casa sem essa exigência. Se ela/ele gosta de você pela sua conta bancária, porque você tem seios salientes e balançantes, ou mesmo porque você é uma boa companhia ou porque você é engraçado, ela/ele não gosta de você. Ela/ele gosta da sua conta, dos seus seios, da sua companhia e do seu humor. Ela/ele não gosta de você. E definir o você é uma construção diária. Ela/ele deve se apaixonar por você todos os dias, e você igualmente por ela/ele.

Sim, eu defini que minha esposa deve ter alguns atributos. Mas quando nos apaixonamos, esquecemos e deixamos de lado estes acessórios, em nome da relação. Seu parceiro deverá fazer o mesmo - são regras necessárias para o convívio. Não existe relação sem regras - ou se existe, não perdura. Temos a ilusão de que o amor verdadeiro é permanente - não, ele não é. O amor é muito bonito, especialmente quando idealizado, mas devemos enxergar as coisas como elas são: por mais que você queira, o amor não é permanente e a água é molhada. O dia que você conseguir transformar a água em algo seco... bem, parabéns, você mesmo assim não conseguirá fazer um amor eterno.

Mas voltando aos atributos da minha esposa... os atributos físicos são desnecessários. Não que eu me casaria com uma feia (ou que tenha uma língua áspera feito lixa), muito pelo contrário! É que existem tantos tipos diferentes de mulheres bonitas que eu não conseguiria escolher um somente. Prefiro aceitar a diversidade escultural das majestosas deusas que caminham entre nós.

Outro aspecto importante é a inteligência. Um relacionamento amoroso não dura muito se os dois não tiverem muito o que conversar. Eu espero encontrar alguém mais ou menos do meu nível. E quando digo "meu nível", não estou falando de pessoas graduadas em Harvard ou que tenham faculdade etc.. Isso não importa. A inteligência que eu estou considerando neste caso é de alguém que persegue a realidade. Que tem sede pelo conhecimento e pela Verdade. Que sabe que o conhecimento, assim como a vida e os relacionamentos, é uma construção que se faz todos os dias. Não vou exigir que ela leia jornal, mas exijo que ela questione e critique (construtivamente) os acontecimentos ao seu redor, como todo filósofo (afinal, quem conhece filosofia, sabe: filosofar é questionar).

Repare no enfoque que dou a esta esposa. Agora repare no título. Não, não significa que estarei sempre insatisfeito com minha esposa. Vou explicar:

Inicialmente, ao pensar escrever este texto, pensei porque nunca estou satisfeito com aquilo que eu tenho. Sempre que eu desejo uma coisa e conquisto, quero outra. Ou ao menos, assim pensei.

Analisando melhor a questão e o meu próprio desenvolvimento do texto, percebo que a ausência de uma parceira sempre me fez uma falta muito grande. A única vez que namorei, pela internet (que, como o Homem Macaco, "não tem alma e nem coração"), eu me senti plenamente satisfeito. Claro, depois ela começou a me perseguir pra caramba, mas são os riscos de toda a relação, virtual ou não.

Será que meu único desejo é ser amado? Nada mais importa? Possivelmente.

Asmodeus,
Rei dos Demônios

Nenhum comentário:

Postar um comentário